Teste de WADA no HSL: como a anestesia de apenas um lado do cérebro pode ajudar pacientes a preservar funções cerebrais em cirurgias de epilepsia

A equipe clínica do Programa de Cirurgia da Epilepsia do HSL acaba de realizar mais um procedimento complexo para avaliação das funções cerebrais. O Teste de Wada ou Teste de Dominância Cerebral é um exame realizado através de cateterismo dos vasos cerebrais e anestesia de apenas metade do cérebro, ou seja, de um hemisfério cerebral. Esse teste permite a avaliação individual de cada lado do cérebro para a linguagem, memória e movimentos, facilitando a decisão de retirar uma área do órgão do paciente que cause suas crises epilépticas.


Como ocorre o exame

Segundo o neurologista Dr. William Alves Martins, após a injeção de uma medicação chamada Etomidato em dose de 0.8mg na carótida interna do lado testado, o paciente é avaliado em relação a sua habilidade de falar, compreender, lembrar e se movimentar.

"Incrivelmente, quando anestesiamos o hemisfério não-dominante - que não é responsável pela fala -, a maioria das funções permanece intacta, com o paciente respondendo perguntas e falando com apenas metade do cérebro funcionando", explica.

O especialista explica que isso ocorre por que a consciência se encontra em núcleos mais abaixo dos hemisférios, sendo que pode funcionar mesmo com apenas um lado cerebral.

"Uma curiosidade é que os golfinhos dormem assim, um lado do cérebro de cada vez, pois não podem perder totalmente a consciência pois se afogariam".


Manutenção das funções cerebrais

O teste é valioso em especial para pessoas com lesões cerebrais no lado esquerdo do cérebro, geralmente responsável pela linguagem em 99% dos destros, e nos canhotos onde a dominância à esquerda é menor, em torno de 70%.

"Com as informações do teste de Wada, pode-se planejar uma cirurgia mais segura e com menos riscos de perda de função de linguagem, memória ou movimento", complementa Dr. Martins.

 

Milhares de gaúchos e mais de 500 pacientes de outros estados já foram atendidos

O Programa de Cirurgia da Epilepsia do HSL é reconhecido por sua atuação aos pacientes gaúchos e também em todo o Brasil. Desde 1992, 532 pacientes de outros estados brasileiros vieram consultar com o time, além de outros mais de 2.000 gaúchos.

A equipe é composta pelos médicos Dr. André Palmini, neurologista; os neurocirurgiões Dr. Eliseu Paglioli, Rafael Paglioli e Dr Thomas More Frigeri; os neurologistas especialistas em epilepsia Dr. William Alves Martins e Dra. Fernanda Schuh Martins e os neuropsciólogos Dra. Mirna Wtters Portuguez e Dr. Eduardo Leal Conceição, além da residente em neurologia Dra. Carollina Danezi Fellini.