"Doar órgãos é dar vida para uma família inteira"
“Ter a oportunidade de dar uma nova vida a alguém é uma chance única. Isso é significativo demais para nós”. Esse é o sentimento da educadora marista, Maria Celeste Spolaor Etges, que fez uma doação em vida para o esposo Cláudio Alberto Etges. A história desse casal e de outros transplantados faz parte da campanha sobre doação de órgãos promovida pelo Hospital São Lucas da PUCRS. A iniciativa tem como objetivo esclarecer o quanto esse gesto de amor é importante para a vida de tantas pessoas.O processo de doação do Cláudio iniciou há três anos e meio. Ele que é diabético, detectou em exames médicos que estava com problemas renais e precisaria fazer tratamento de diálise. “Optamos pela modalidade de diálise peritoneal, que era um pouco menos invasiva que a hemodiálise”, explica Etges, “mas sempre estávamos na esperança de conseguir uma doação de rins para que eu pudesse ter uma melhor qualidade de vida”.Fotógrafo, Etges, viu a sua rotina mudar completamente durante esse período de tratamento: “estava acostumado a viajar a trabalho com muita frequência. Com o tratamento de diálise isso tornou-se inviável”, lembra. “Eu ficava a noite toda ligado em uma máquina, tinha falta de apetite, estava com o meu emocional muito abalado... eu não era mais a mesma pessoa que a minha família conhecia. Só quem passa por um tratamento desses sabe”, relata.A espera na fila do transplante era dura. Durante mais de três anos, eles seguiam na esperança de conseguir um doador compatível. Até que, em certo momento, começaram a conversar e avaliar a possibilidade de uma doação em vida. “A diabetes dele é genética, por isso os irmãos não poderiam doar. Pensei então: vou fazer os exames e ver se eu não posso ser a doadora”, conta a esposa Maria Celeste.O casal relata o quanto esse momento foi decisivo no tratamento. Com o suporte médico da equipe do Hospital São Lucas, eles fizeram todas as avaliações possíveis, conversaram sobre pontos positivos e negativos dessa cirurgia e avaliaram com a família como a doação seria realizada. “A doação em vida é uma raridade, no nosso caso, foi uma benção estar tão próximo. A equipe do Hospital São Lucas foi fantástica e incansável em todo esse processo. Eles nos prepararam física e emocionalmente para que tudo pudesse ser feito dentro do seu tempo. Foi um atendimento espetacular”, afirma a doadora.Depois de 34 anos de casado, Cláudio conta que Maria Celeste deu para ele uma chance: “eu ganhei uma nova vida depois do dia 15 de janeiro de 2020”, reforça. A esposa conta o quanto a qualidade de vida mudou depois que o marido recebeu o seu rim: “ele já saiu da cirurgia com um brilho no olho. É uma mudança completa de vida. Para melhor!”.Nove meses depois da operação, o casal já está recuperado. Os dois seguem fazendo acompanhamentos médicos de rotina e sonhando com as viagens que irão fazer assim que a pandemia passar. “Doar órgãos é dar vida nova para uma família inteira. Não é só o transplantado que ganha, mas todas as pessoas que estão no seu convívio ganham também”, finaliza Cláudio.