Zolpidem: especialista alerta para o uso correto da medicação e a importância do acompanhamento médico
O Zolpidem, medicamento da classe dos hipnóticos que induz o sono e causa efeito sedativo, tem ganhado grande repercussão nas redes sociais nas últimas semanas. Usuários que utilizam o remédio relataram experiências que aconteceram após o uso e que não foram notadas de imediato. O impacto das histórias movimentou especialistas para o alerta sobre o uso correto da medicação, assim como a importância do acompanhamento médico.
De acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS), 73 milhões de brasileiros sofrem de insônia. O médico psiquiatra do Hospital São Lucas da PUCRS, Lucas Spanemberg, comenta que o Zolpidem tem efeito rápido e é indicado para o tratamento de insônias agudas e crônicas como estratégia farmacológica auxiliar. “O medicamento tem poder de ação em um curto intervalo de tempo, induzindo o sono em uma dose habitual, na maioria das pessoas”, explica. A partir da prescrição médica, o remédio deve ser tomado na hora de dormir, pois o efeito pode começar em 10 a 15 minutos após a ingestão.
Spanemberg alerta que, por ser uma medicação com alta efetividade, ela pode promover efeitos adversos e riscos de abuso. “O Zolpidem, assim como outras drogas sedativas, causa um fenômeno chamado tolerância, o qual instiga que se use doses cada vez maiores para atingir o mesmo efeito”, ressalta. O especialista pontua que, assim como os medicamentos de tarja preta, o Zolpidem pode estar associado a uma diminuição do efeito se for usado de forma contínua por um longo período. “É comum as pessoas começarem a dobrar a dose, até triplicar às vezes, por conta própria, o que pode causar uma série de problemas”, complementa.
A medicação, assim como os remédios benzodiazepínicos, pode causar dependência, levando a uma necessidade do uso da medicação para o paciente, por meio de uma síndrome de abstinência. Os principais efeitos adversos do Zolpidem são: sonolência e amnésia, principalmente amnésia anterógrada. “Isso acontece quando a pessoa passa a não lembrar o que aconteceu depois que ela ingeriu a medicação. Em alguns casos, pode causar sonambulismo e muitas pessoas acabam não dormindo ou até mesmo fazendo coisas que, às vezes, não se lembram no dia seguinte”, diz o médico psiquiatra. “Por isso é importante o acompanhamento médico muito zeloso na prescrição dessa classe de medicamentos”, afirma.
Além das medidas farmacológicas, em que o Zolpidem é utilizado como uma estratégia, ações não farmacológicas também podem ser utilizadas para o tratamento de insônia, a higiene do sono é uma dessas técnicas. Caracterizada como um conjunto de orientações e métodos comportamentais, a higiene do sono é destinada para orientar o paciente a entrar no processo normal de sono, isso inclui: não ingerir medicamentos estimulantes a partir do período da tarde; evitar café preto, chá preto, energético, chimarrão, entre outras substâncias que possam repercutir na piora do sono à noite; não olhar as redes sociais antes de dormir; e estabelecer uma rotina de diminuição de luminosidade, assim como de comportamentos relaxantes, como tomar banho e fazer uma leitura. “Caso as medidas não farmacológicas sejam insuficientes, outras estratégias devem ser utilizadas, contudo sempre sob supervisão médica para evitar o risco de tolerância ou abstinência”, finaliza Spanemberg.