Irmãos gêmeos realizam transplante de rins do mesmo doador no Hospital São Lucas da PUCRS
Há 60 anos, os irmãos gêmeos Rogério Goncharuk Berenstein e Ronaldo Goncharuck Berenstein dividem inúmeras vivências e histórias juntos, mas nos últimos dias eles passaram por uma experiência única no mesmo dia: um transplante de rins. A cirurgia aconteceu no Hospital São Lucas da PUCRS no último mês e proporcionou um caso inédito no hospital, o transplante de irmãos gêmeos com rins de um mesmo doador.
Devido a problemas genéticos de insuficiência renal crônica, Rogério e Ronaldo já realizavam acompanhamento médico há anos, mas ambos tinham quadros diferentes: Rogério já estava há dois anos e quatro meses na fila do transplante e realizando hemodiálises semanais; enquanto Ronaldo não estava em tratamento, mas pôde entrar na fila do transplante em meados de dezembro devido a uma nova regulamentação que permite que pessoas que não fazem o procedimento de hemodiálise possam buscar por uma doação de órgãos.
De acordo com o Dr. Moacir Traesel, nefrologista do HSL e médico dos pacientes, o caso dos irmãos é inédito em sua vida profissional e na instituição, pois são gêmeos univitelinos com insuficiência renal crônica que necessitavam a substição da função renal. “Há 22 anos eu iniciei o acompanhamento do Ronaldo e logo já comecei a monitorar o Rogério também, por serem gêmeos. Após anos de consultas, o Rogério teve a necessidade de iniciar o tratamento com hemodiálise e entrou na fila de espera do transplante, enquanto Ronaldo conseguia tratar apenas com alimentação adequada e atividades físicas”, explica o especialista. "Quando recebemos a notícia da doação do rim que era ideal para os irmãos, já logo entramos em contato e iniciamos os preparamentos para a cirurgia. A recuperação e evolução deles tem sido excelente”, completa Traesel.
Ronaldo comenta que ficou surpreso por ter sido agradeciado com a oferta dos rins com menos de dois meses na lista de espera.“Fico muito feliz e se eu pudesse incentivar as pessoas eu diria: doe órgãos, pois isso faz muita diferença para quem recebe. Fica minha gratidão à toda equipe do Hospital São Lucas, que tem um atendimento excelente, e não posso deixar de agradecer aos familiares do doador que, em um momento de dor, conseguiram ter a grandeza de um gesto fraterno e humano”, ressalta Ronaldo, emocionado.
“Venho nessa trajetória há cerca de 10 anos tratando a doença e na fila de espera mais de dois anos. Ao receber a notícia da possibilidade da doação do rim, também recebi a notícia que meu irmão receberia junto, então tive um motivo duplo de felicidade. Pelo fato de sermos gêmeos e ter tido uma trajetória a vida itneira juntos, nesse momento não haveria uma maneira melhor de contemplar essa felicidade compartilhando essa doação com o meu irmão. Muito obrigado à toda equipe médica, cirúrgica e assistencial, também sinto uma gratidão enorme aos familiares do doador, embora não os conheça, espero que recebam esse alento no coração, porque só com esse gesto eles tornaram, no mínimo, duas pessoas felizes e com uma condição de vida melhor”, disse Rogério.